Em 15 de abril comemora-se o Dia da Conservação do Solo. Temos o que comemorar no Brasil?
Podemos comemorar um aumento da conscientização sobre práticas que protegem o solo, como o plantio direto, com quase 40 anos e no qual o Brasil é destaque, com seus 25 milhões de hectares no sistema, segundo a Federação de Plantio Direto na Palha. E que pode se expandir ainda mais, chegando a 33 milhões de hectares em dez anos, se forem aplicados os recursos do Programa de Baixo Carbono (ABC), que destina R$ 2 bilhões a técnicas agrícolas conservacionistas, sendo R$ 1 bilhão por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e mais R$ 1 bilhão pelo Banco do Brasil.
A idéia dos idealizadores deste programa é reverter a conta da agricultura, de grande emissora para redutora de CO2. Os recursos já estão disponíveis, mas o programa, lançado em junho de 2010, ainda não decolou por falta de conhecimento, tanto por parte dos agricultores, como dos bancos . Problema que pode ser minimizado com um bom programa de comunicação.
O Programa ABC prevê estimular, com o financiamento, as seguintes atividades, que favorecem a mitigação de GEEs, os gases do efeito estufa:
- plantio direto na palha;
- integração lavoura-pecuária-floresta;
- recuperação de pastagens degradadas;
- fixacão biológica de nitrogênio no solo, que permite, com a bacteria Rhizobium na soja, susbstituir o adubo nitrogenado, caro do ponto de vista financeiro e ambiental;
- destinação correta de dejetos e resíduos sólidos;
- aumento da área de florestas plantadas.
Estudos da Embrapa, Unicamp, Cena/USP e Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG), entre outras instituições, apontam que um sistema de plantio direto bem feito pode seqüestrar até 500 kg de carbono por hectare. No Rio Grande do Sul, a adoção da prática permitiu redução de 86% de sedimentos nas bacias hidrográficas, além de um ganho de produção e da fixação de carbono no solo.
“A adoção do sistema de plantio direto proporciona maior produtividade com serviço ambiental e menor custo”, afirmou Celso Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente, no painel Agricultura e Segurança Alimentar, durante a IV Conferência Regional sobre Mudanças Globais, realizada de 4 a 7 de abril em São Paulo.
A recuperação de pastos degradados seria outra boa oportunidade. O Brasil possui 40 milhões de hectares de pastagens degradadas. A recuperação de 15 milhões em dez anos, como é a estimativa do Ministério da Agricultura, evitaria a emissão de 22 milhões de toneladas de CO2.
O investimento vale a pena, segundo Edson P. Domingues, do Cedeplar/UFMG, que também falou na Conferência sobre Mudanças Globais. Segundo ele, levantamentos estimam a perda de produtividade com os veranicos em R$ 5 bilhões ao ano. O custo com o Programa ABC é de R$ 2 bilhões.
O desafio agora é informar e convencer o agricultor de que isso é bom para ele, para o País e para o planeta. Além de informar o sistema bancário de como viabilizá-lo.