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Quem não se comunica…

O famoso bordão de Chacrinha parece óbvio para diversos setores, mas para um que representa 23% do PIB, 37% dos empregos e 37% das exportações, salvando nossa balança comercial, não.

A produtividade da agricultura brasileira cresceu 73% nos últimos 20 anos, período em que a área cultivada com grãos aumentou seis vezes menos do que a produção, tendo deixado de desmatar 50 milhões de hectares. Ou seja, produzimos muito mais alimentos, contribuindo para baratear seu preço e encher a barriga de muito mais gente, sem desmatar na mesma proporção. Resultado de aumento de tecnologia, trabalho e eficiência.

A FAO, agência de agricultura e alimentação da ONU, estima que, até 2050, o mundo deverá aumentar em 70% a produção de alimentos para atender ao crescimento da demanda. E o Brasil é o país que mais terá condições de contribuir, com um aumento de 40% de sua produção de alimentos.

No campo da energia e dos combustíveis, o nosso etanol é uma fonte renovável e que emite 89% menos CO2 que a gasolina, segundo cálculos do Departamento de Agronegócio (Deagro) da FIESP.

Quer mais? No Brasil, 94% das embalagens plásticas de defensivos agrícolas têm destinação ambientalmente correta, como a reciclagem, índice muito superior a diversos países desenvolvidos, como Estados Unidos (pouco mais de 30%), França, Alemanha e Canadá (de 60 a 70%).

Separação de embalagens de agroquímicos apra reciclagem: Brasil é modelo na logística reversa desses produtos

Mesmo assim, em nosso país, a agricultura costuma ser acusada de vilã do meio ambiente e tratada como uma atividade menor por platéias urbanas.

A culpa – já se admite – é do setor, que não se comunica direito. E aí, o que acontece? Outros ocupam esse espaço e falam o que querem, criando mitos.

Enfim, a experiência tem mostrado que fugir do debate não parece ser boa estratégia. Melhor se preparar para mostrar os aspectos positivos do seu negócio e admitir os erros quando eles de fato existirem. Para isso, algumas dicas:

Estude suas mensagens e tenha dados para ilustrar – Na maioria das vezes, o interlocutor não tem conhecimento, nem dados; apenas repete jargões que ouviu em algum lugar e viraram lugar-comum. Com dados respaldados por fontes isentas e respeitadas, você terá segurança e poderá surpreender o interlocutor.

Seja claro e didático – Não espere que a população urbana, os jornalistas e demais formadores de opinião entendam de agricultura e tecnologia. E, como é do seu interesse que o interlocutor entenda a sua mensagem, seja paciente, claro e didático. Alem disso, evite siglas e termos muito específicos do seu negócio; ou as explique.  

Seja sincero e humanize sua história e discurso – Em seus depoimentos em eventos como o IX Congresso Brasileiro de Marketing Rural e Agronegócio, organizado pela ABMR&A em S. Paulo no início de agosto, Mauro Lúcio Costa, presidente do Sindicato Rural de Paragominas, cidade paraense inicialmente famosa pelo desmatamento e hoje considerada um “município verde”, costuma desarmar platéias críticas ao falar com muita honestidade sobre a realidade na região nos anos 70 e 80, quando sua família se mudou de Minas Gerais para lá: “naquela época, os bancos oficiais só davam crédito para quem derrubasse árvores para abrir áreas para gado ou lavoura. Hoje, sabemos que essa prática era errada e que é preciso preservar. Faltava conhecimento”.

Seja coerente e consistente – Seu discurso deve estar alinhado à sua prática. Cumpra o que anuncia, só fale o que realmente faz e prometa apenas o que tem condições de cumprir.

Não despreze nenhuma mídia – Pensar que as mídias sociais não combinam com o agronegócio é errado. Sua empresa pode até optar, por ainda não estar preparada, por não atuar consistentemente nelas, mas isso não a livrará de aparecer e ser comentada nas redes sociais. A pesquisa Trust Barometer 2012 (http://trust.edelman.com/trust-download/global-results/), da agência de RP norte-americana Edelman tem mostrado que o nível de confiança nas mídias sociais vem crescendo, inclusive no Brasil. Assim, melhor estar preparado.

 

Fotos: Delfim Martins/Pulsar (colheita de cana) e arquivo inpEV (separação de embalagens)