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Coalizão Clima, Florestas e Agricultura é lançada por economia de baixo carbono
Representantes de empresas, associações de produtores rurais, de energia, celulose e organizações da sociedade civil, como ONGs ambientalistas, lançaram na manhã desta quarta-feira (24), na capital paulista, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. O que uniu pessoas que já se colocaram na maioria das vezes em lados opostos dos debates é propor formas de contribuir para a construção de uma nova economia de baixo carbono. E que ela seja competitiva, responsável e inclusiva, mas que se alinhe com as agendas de proteção, conservação e uso sustentável das florestas na agricultura e na redução e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Mais de 200 pessoas participaram do lançamento do projeto, que visa a propor medidas e políticas públicas, ações e mecanismos financeiros e econômicos que viabilizem a redução das emissões brasileiras de gases responsáveis pelo efeito estufa para garantir que, a partir de 2020, a emissão por pessoa seja menor ou igual à da média global. Entre outras ações, a coalizão – um movimento apartidário e horizontal – quer promover a recuperação de todas as áreas de preservação permanente e reserva legal, de acordo com o previsto na legislação, e desenvolver plantios florestais econômicos em áreas degradadas.
Para Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), é natural a participação do Brasil nessas discussões, uma vez que o país é protagonista nos debates sobre preservação florestal, produção agrícola e clima. Para ela, o Brasil tem tecnologias inovadoras de redução de gás carbônico, o que interessa “do ponto de vista de negócios”, o que representa uma oportunidade.
O secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, ressaltou que o desafio proposto aos empresários é grande e citou os crescentes casos de municípios em situação de emergência ou calamidade pública. “Só entre janeiro deste ano e 12 de junho, tivemos 2.054 cidades que entraram em estado de calamidade pública ou emergência no país. De certa forma, o que estamos fazendo é unir diferentes em torno de uma mesa para pensar em como Brasil pode enfrentar esse desafio para transformar nossas vantagens comparativas em vantagens competitivas”, disse Rittl.
Para Raquel Biderman, diretora do World Resources Institute (WRI), o difícil é criar as condições para a implementação dos objetivos propostos e lembrou que fazer o Plano ABC (de Agricultura de Baixo Carbono, que tem incentivo para quem adota práticas como plantio direto, recuperação de pastagens degradadas e integração lavoura-floresta-pecuária) acontecer é “crítico”. Segundo ela, a liderança feminina é fundamental e, agora, a nova encíclica papal serve de inspiração e apoio.
Segundo o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, é preciso envolver os mercados nessa discussão e despertar o interesse dos consumidores por produtos produzidos de forma sustentável. “Não dá para fazer essas discussões separadas. Precisamos do apoio de todos para conseguir conciliar as duas coisas”, afirmou.
Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, alertou: “reduzimos muito o desmatamento na Amazônia, mas ele ainda está muito alto”. A boa notícia – anunciou – é que hoje o desenvolvimento da economia local “descolou-se” do desmatamento; ele continua com a redução dos cortes de floresta. Um alento que, somado à energia e boa vontade dos interessados em colaborar de alguma forma com a Coalizão, celebra o Dia Nacional da Floresta Araucária, 24 de junho. Com a bênção de São João.