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Empresas ainda fazem pouco uso da internet
Um levantamento feito pelo Sebrae no segundo semestre de 2014, com mais de 2 mil empresas brasileiras de pequeno e médio porte de 27 estados, mostrou que, apesar de a grande maioria (92%) de seus dirigentes acessarem a internet, o seu uso ainda é muito básico. Ou seja, esses empresários perdem muitas oportunidades que a rede oferece.
O estudo, intitulado “As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas MPEs brasileiras“, conversou com representantes de 2.108 empresas dos ramos da indústria, comércio, serviços e construção. Entre as finalidades reveladas sobre o uso da internet, apareceram o uso do email (88%), pesquisa de preços e fornecedores (68%) e consulta a dados e serviços financeiros (60%). Apenas 25% dos entrevistados já havia feito um curso on line, por exemplo.
E, apesar de consultarem empresas fornecedoras pela internet, a grande maioria das empresas que participaram da pesquisa (75%) não possui um website ou homepage. Ou seja, está inacessível ao internauta que busca um produto ou serviço em seu setor de atuação. Das que possuem um site, 77% o fazem para informar sobre produtos e serviços, mas apenas 32% informam os preços.
Mais Facebook do que website
Das empresas um terço tem perfil nas redes sociais, sendo que o Facebook domina de longe, mesmo que ainda de forma tímida: 32%, contra 5% com perfil no Twitter e 3% no Instagram. Ou seja, um maior número de pequenas e médias empresas no Brasil possui uma página do Facebook do que um site. A explicação pode estar no fato de que é mais simples e envolve menos conhecimento criar uma página e postar no Facebook em relação a criar e atualizar um website.
A questão é: essas páginas estão sendo alimentadas de forma profissional e de acordo com a estratégia e os valores da empresa? E mais: quem posta o conteúdo? Existe uma frequência definida e continuidade, caso essa pessoa deixe a empresa? E, uma vez que essas redes sociais são criadas para relacionamento, há uma política para responder e lidar com críticas de consumidores/clientes?
Já existem cursos no mercado – como o do próprio Sebrae, além da FGV Online, e outros – que capacitam para o uso da internet nos negócios, as plataformas para se criar um website estão cada vez mais acessíveis, tanto do ponto de vista tecnológico como de custos, e a participação nas redes sociais só cresce. Assim, esse movimento, mesmo que ainda lento, só tende a crescer.
Mas esses empresários devem se atentar também em não apenas ocupar esses espaços oferecidos pela internet, mas fazê-lo de forma estratégica, definindo seus objetivos (o que minha empresa quer com um perfil nas redes sociais? Qual a mais adequada para o meu negócio?), o que vai comunicar, o profissional que vai se responsabilizar por essa comunicação, para que ela seja sempre pertinente e interessante. Muito pior do que não possuir um website é mantê-lo desatualizado.
Preservar história ajuda empresa a inovar e engajar
O tema pode surpreender e até estranhar aqui no Brasil, mas na Europa eles já são tradição: os museus corporativos. Eles ajudam a reunir e preservar a memória empresarial, reforçar ou reinventar a marca e, ainda, torná-la relevante para os stakeholders.
Quem afirma é Davide Ravasi, especialista em cultura e estratégia organizacional da Universidade Bocconi, de Milão, Itália, que esteve no Brasil na semana de 17 de outubro para ministrar um seminário e um curso organizados pela Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. O seminário, no dia 20, foi aberto, por sinal, no Instituto Votorantim, no centro de São Paulo, onde estão reunidos ícones da história desse importante grupo empresarial brasileiro.
A maioria dos museus é montada dentro ou próxima `as fábricas-sede das empresas. Ajudam a aproximar os visitantes da empresa e suas marcas. “Algumas organizações tornam-se verdadeiras instituições para a comunidade local, seus funcionários e clientes”, diz Ravasi, citando uma frase de Federico Minoli, CEO até 2007 da fabricante italiana de motocicletas Ducati: “O museu é o nosso templo”.
Isso porque a história da empresa e da marca, se bem contada, age no emocional das pessoas, fazendo-as se orgulharem e se sentirem parte dela. Além disso, o público passa a entender o que está por trás dos produtos, sua história e seu desenvolvimento. O resultado é o engajamento desses públicos, que apropria-se e torna-se defensor da marca.
Aprendendo com a própria história
Outra função é reunir e resgatar conhecimento técnico sobre o produto e a marca, com o objetivo de revitalizá-la, e, ainda, aprender com os erros. “Há conhecimento técnico, de design e da marca nos objetos da memória empresarial”, ensina Ravasi.
Essa estratégia foi empregada, por exemplo, pelo grupo italiano Piaggio, fabricante das emblemáticas Vespas, que precisou aprender com a sua própria história para rejuvenescer a marca, no final dos anos 90.
O espaço do museu corporativo pode ser usado para eventos, visando a estreitar e reforçar os relacionamentos com diversos stakeholders.
E quem não tem espaço ou recursos para montar um museu pode resgatar informações e fotos da história da empresa e produzir arquivos para postar no website corporativo, ou nas redes sociais, como Facebook, Twitter e YouTube. Um exemplo é o da Barilla, famosa pelas massas e molhos, interage e oferece receitas aos internautas no site, Facebook e Twitter da Academia Barilla.
Com espaço físico ou virtual, o fato é que a arte de contar as histórias corporativas está sendo valorizada pelas lideranças de algumas empresas que já enxergam o seu importante papel na estratégia de negócios.
As redes sociais e a sua empresa
Os números das redes sociais são impressionantes: mais de 4 bilhões (sim, bilhões) de mensagens pelo Twitter por mês, 700 milhões de usuários do Facebook, 100 milhões no LinkedIn… E adoção crescente no Brasil, um país que só não adere ainda mais rapidamente a novas tecnologias por questões econômicas e de infra-estrutura.
É só melhorar a tecnologia que o usuário brasileiro responde: segundo dados da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), com a expansão dos celulares de terceira geração, os 3G, o número de usuários de internet de alta velocidade no Pais cresceu 49% nos últimos doze meses e chegou a 43,7 milhões de clientes. De janeiro a julho de 2011, 8,5 milhões de conexões de banda larga foram ativadas.
Neste cenário, não dá para imaginar que os seus clientes e funcionários não estejam engrossando essa contabilidade. E sua empresa? Já está tirando proveito dessas mídias?
Se não está, deveria. Mas, antes deve ter um plano estratégico, saber o que quer delas, com quem quer se relacionar por meio delas, se elas vão ser mais úteis para divulgar mensagens institucionais ou seus produtos e serviços. Ou ambos.
A era das redes sociais criou um novo tipo de cliente, funcionário, stakeholder, mais exigente e bem informado. Não dá para ignorar o fato e fingir que tudo continua como antes e sua empresa continua comunicando o que quer, não monitorando o que estão falando dela, nem respondendo, seus funcionários sabem das novidades pela imprensa e assim vai.
Mercado e público interno valorizam a transparência nas informações. Ela traduz em respeito. O funcionário se sente valorizado por ser o primeiro a saber de uma ação da sua empresa. E se ela não se comunicar, outros falarão por ela, o que é um risco muito grande. E uma pena, pois nós falamos com mais propriedade de nós mesmos.
Outra atitude desrespeitosa é a empresa fazer uso de mídias sociais como Facebook ou Twitter e proibir seus funcionários de acessá-las do computador do trabalho. Uma política regulando seu uso, alertando para riscos e responsabilidades, e destacando quem são os porta-vozes que falam oficialmente pela empresa deve ser implementada.
Hoje todo mundo com um telefone celular com câmera fotográfica e conexão de internet é um repórter em potencial. O que pode ser um risco e uma oportunidade, só dependendo da ação e atitude da empresa para prevenir um e aproveitar a outra.
Funcionário motivado por se sentir ouvido e respeitado defende a empresa com mais vigor, tornando-se um valioso multiplicador de suas mensagens e valores. Se levarmos em conta sua família e as pessoas com quem ele interage, podemos ter um contingente respeitável de pessoas informadas sobre fatos, produtos e serviços da empresa. Além de numeroso, esse grupo tem credibilidade, pois fala com a propriedade, a autenticidade e a emoção de quem vive a situação.
Agricultura, Internet e redes sociais
País de grandes dimensões e com o agronegócio respondendo por cerca de um terço do PIB, com potencial para aumentar com o aumento da profissionalização da nossa agricultura, o Brasil oferece grande oportunidade para que as mídias sociais floresçam no meio rural e funcionem como um fator de incremento do desenvolvimento do setor.